terça-feira, 1 de abril de 2008

SIMPÁTICAS CONSIDERAÇÕES


SIMPÁTICAS CONSIDERAÇÕES

Na enquete que realizei em meu blog, indaguei sobre que assuntos gostariam de ler comentários e o resultado foi o tema Simpatias Populares. Peço, então, que abram suas mentes, abstenham-se de toda e qualquer conotação religiosa e apenas reflitam, passo a passo, sobre o assunto que apresento a seguir. Trata-se de uma reflexão um tanto longa, mas com certeza elucidativa a respeito do assunto. Peço sua paciência e sua reflexão, lembrando mais uma vez que não pretendo, aqui, ir de encontro a sua fé nem contra a religião que pratica. Pelo que sei, a Igreja somos nós e nós somos o Templo de Deus.
Afirma-se que o homem primitivo, dada a sua ignorância e a sua mente ainda em evolução, atribuía tudo que ocorria em sua vida a manifestações de entidades invisíveis, espíritos maus e forças além da sua compreensão.
Com o tempo, esses responsáveis por venturas e desventuras do homem foram sendo personificados e classificados, surgindo seres das mais diversas esferas, desde anjos e demônios até misturas de animais e homens e animais com múltiplos atributos de diversos animais, como o centauro e as bestas com cabeça de água, corpo de leão, cauda de pavão, pernas de boi, patas de tigre, só para se dar um exemplo bem simples.
No entanto, da mesma forma como foram criando essas entidades, foram cultuando pessoas que entendiam esses fenômenos todos e que tinham certa ascendência sobre eles. Surgiram os xamãs, os magos, os feiticeiros, os sacerdotes, bruxos e sábios que sempre tinham como dar aos seus semelhantes algum meio de defesa ou de contato com esse mundo misterioso que cercava o homem comum.
Enquanto não se criava uma linguagem escrita, essa comunicação era feita por símbolos, como muitos encontrados em cavernas ainda hoje e que despertam a atenção dos estudiosos, que tentam em vão penetrar no conhecimento de uma linguagem simbólica que já se desfez há muito tempo.
Essa forma de manter sob controle forças desconhecidas foi se generalizando, atingindo seu auge no período chamado Idade das Trevas ou Idade Média. Muito antes disso já se percebera que a religião era um instrumento de poder e não de ajuda ao homem, isso acabou degenerando-se num grande comércio e desvirtuando todos os princípios pelos quais fora criada.
Para manter o domínio sobre os mortais comuns, a religião, todas elas, foram se impondo, muitas vezes de forma violenta, criando doutrinas de submissão, de pecado, de um Deus punitivo, de Céu, de Inferno e de Purgatório, locais para os quais detinham o monopólio de acesso, tanto que se davam ao luxo de vender ingressos como quem vende um terreno em um loteamento. Foi o que aconteceu com as chamadas indulgências que a Igreja Católica vendeu na época das cruzadas, só para citar um exemplo. Dessa forma as religiões sempre atacaram violentamente tudo que pudesse ser um obstáculo a seu desenvolvimento como força, paralela ao Estado e, muitas vezes, acima dele.
Magos, feiticeiros, alquimistas, bruxos, xamãs e outros foram perseguidos e mortos cruelmente. Seus livros, anotações e conhecimentos foram recolhidos aos mosteiros, quando não incinerados em praça pública para mostrar o domínio de uma nova ordem que se impunha. Um cabedal enorme de informações foi destruído com isso, acabando com informações e conhecimentos que datavam de milênios da existência do homem, da mesma forma como ocorreu nas Américas, com a cultura e a civilização dos povos conquistados.
Uma ligação com o passado foi rompida e, ao longo de alguns séculos, afastada das pesquisas e práticas, pois se constituíam pecado e crime punidos com a morte. Ainda assim, arriscando-se sempre, essas pessoas que sempre representaram o elo de ligação deste mundo com os planos superiores, continuaram seu trabalho, legando à posteridade uma pálida imagem dessas informações importantíssimas para o homem, hoje, entender sua origem e seu papel neste planeta.
Um desses conhecimentos, que considero o mais intrigante e o mais praticado, foi o dos amuletos e talismãs, instrumentos importantes das Simpatias Populares, presentes em toda a história do homem, até os tempos atuais.

QUESTÕES SEMPRE INTRIGANTES

Antes de nos aprofundarmos no assunto, vamos recuar ao princípio de tudo. "Afirma-se que o homem primitivo, dada a sua ignorância..."
Será?
Que ignorância era essa que lhes permitia deter conhecimentos que hoje mal arranhamos e que lhes dava privilégios como o de manter contato com o próprio Criador?
O que significam ordens como estas?

"Não fareis deuses de prata ao meu lado, nem deuses de ouro para vós..."
"Também farão uma arca de madeira de acácia... De ouro puro a cobrirás e farás uma bordadura de ouro ao redor...
Fundirás para ela quatro argolas de ouro... varais de madeira de acácia... E porás na arca o Testemunho que eu te darei..."
"Farás também um propiciatório (vaso sagrado)... Farás dois querubins de ouro... Os querubins estenderão suas asas por cima, cobrindo o propiciatório..."
"Também farás a mesa..."
"Farás também um candelabro..."

E as ordens se seguem muito detalhadamente, com um objetivo específico:

"Ali virei a ti,... falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel."

Acho que já perceberam que falamos sobre a Bíblia. Vamos resumir o que, acredito, já conheçam.
Salvos do Egito e guiados por Moisés, o povo judeu, tão logo percebeu que o seu líder se demorava no Monte Sinai, rapidamente tratou de confeccionar um bezerro de ouro para "adorar". Tanto que Arão determinou, ao edificar um altar:

"Amanhã será festa ao SENHOR."

No dia seguinte, ofereceram holocaustos, conforme o próprio Criador lhes ensinara, trouxeram "ofertas pacíficas", comeram, beberam e se divertiram mas essa aparentemente inocente ação custou a vida a muitos deles.
Que poder tinha esse bezerro de ouro? Teria sido apenas a desobediência a causadora de tamanho e cruel massacre que se seguiu à descida de Moisés do monte?
Mais à frente, ainda no Livro do Êxodos, temos:

"Lavra duas tábuas de pedra como as primeiras; e eu escreverei nelas as mesmas palavras que estavam escritas nas primeiras tábuas..."

Ao cumprir isso, Moisés faz uma aliança com Deus, que lhe determina:

"... derrubareis os seus altares (dos moradores da terra), quebrareis as suas colunas e cortareis os seus postes-ídolos (?) para que não faças aliança com os moradores da terra: não suceda que em se prostituindo eles com os deuses, e lhes sacrificando, alguém te convide, e coma dos seus sacrifícios e tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, e suas filhas prostituindo-se com seus deuses, façam que também os teus filhos se prostituam com seus deuses. Não farás para ti deuses fundidos."

A questão que se coloca agora, no entanto, é saber se essas ordens foram dadas mesmo pelo Criador ou se foram incluídas convenientemente, nesse período negro da História, quando se implantou o monopólio religioso, e a ditadura de uma só religião.
O que diz realmente o texto original? Quem são esses deuses cujo contato deveria ser e vitado? E por quê?
Analisando-se hoje as chamadas Simpatias Populares, não encontramos correspondência em passagens como a seguinte?

"... um deles tomará dela um punhado de flor de farinha da oferta de manjares com seu azeite, e todo o incenso que está sobre a oferta dos manjares; então acenderá sobre o altar como porção memorial de aroma agradável ao Senhor..."

E verá coisa semelhante nos rituais de contato com os Anjos Mensageiros, prática que ressurgiu há algum tempo, mas que foi totalmente abolida durante esse período da História da Humanidade.
Todo o Livro de Levítico traz instruções detalhadas de práticas para preparar e purificar o homem para o contato e convivência com Deus. Especifica como deve ser o candelabro, sobre as trombetas de prata, as borlas das vestes, entre outros.
Os teólogos têm explicações convincentes para essas questões tão absurdas e heréticas, mas a questão central ainda permanece. Quem eram os outros deuses?
Que eram as colunas?
O que representavam postes-ídolos?
Desviando-nos um pouco agora, qual o significado dos desenhos encontrados nas cavernas dos dogons, um povo primitivo que vive no Mali, antigo Sudão francês? Desenhos que representavam os nommos ou deuses vindo do espaço (ou moradores do espaço, aqui no sentido de plano superior?). Em sua ignorância (?) primitiva, como pôde esse povo, ainda hoje incivilizado, ter tido contato com seres considerados deuses? Teria sido isso um privilégio apenas deles, como foi para os israelitas terem tido a exclusividade da proteção divina que, inclusive, autorizou e deu condições de que os demais povos fossem exterminados?
Como se percebe, o assunto é cercado de muitas perguntas sem respostas definitivas. Aqueles conhecimentos, que foram destruídos, ou ocultados hoje nos fazem muita falta para tentarmos um entendimento mais profundo e mais convincente da natureza de nossos contatos com a divindade ou com os chamados planos superiores onde, por unanimidade, parecem residir e se manifestar todos os seres considerados superiores, em todas as culturas.
De tudo isso, podemos, após essas breves elucubrações, pelo menos chegar a uma conclusão: o que os magos, bruxos, feiticeiros, alquimistas e xamãs faziam tinha uma razão de ser. O contato com seres superiores se processava através da disposição de elementos contidos nas "colunas", "postes-ídolos", combinações como as da "Arca da Aliança", da disposição do templo, das roupas, óleos, candelabros, tábuas e tudo o mais, conforme foi citado na Bíblia.
Essa comunicação se processava por meio de símbolos, que iam desde o tipo da madeira a ser utilizada, até a roupa a ser vestida nesse momento. Podemos acrescentar, também, que se processava através de elementos gráficos como aqueles encontrados na chamada Pedra de San Martin, nas proximidades de Madri, na Espanha, que guarda certa semelhança com as inscrições encontradas nas "tábuas" de argila de Glozel, uma cidadezinha no interior da França?
Ou como aquelas encontradas na Pedra de Diamantina, cidade do mesmo nome em Minas Gerais... não muito diferentes das que aparecem na Pedra do Poeta, encontrada no interior do Ceará, numa cidadezinha chamada Massapê, pelo poeta José Alcides Pinto, durante uma escavação em sua própria casa.
E já que entramos no terreno fértil da Arqueologia, qual o objetivo das figuras gigantescas de Nazca, dezenas delas, encontradas no Sul do Peru, somente distinguidas quando olhadas do alto? Quem as fez, a quem eram dirigidas se só podiam ser vistas do alto (espaço ou plano superior) e, finalmente, qual o objetivo de tudo aquilo?
Muitas hipóteses já foram levantadas a respeito de tudo isso, indo das mais ingênuas até as mais complexas. Passamos pelas teorias de que a Bíblia é simbólica apenas e não histórica, de que é histórica, de que representa a palavra de Deus (de um deus) que buscava a hegemonia entre outros deuses, ditada aos homens por inspiração divina, de que surgimos de um experiência genética com extraterrestres ou do cruzamento proibido dos "filhos dos deuses" com as "filhas dos homens". Ou dos homens em geral com os deuses.
De tudo isso, o que nos interessa especificamente é que, antigamente, através de segredos e conhecimentos perdidos ou destruídos, o homem conseguia entrar em contato com seres dos planos superiores, através de elementos específicos e especialmente preparados, muitos dos quais ditados por esses mesmos seres.
Sem muito esforço, então, podemos assimilar o conceito básico das chamadas Simpatias Populares: contato com o plano superior, não necessariamente o Céu ou o Paraíso, nem um lugar acima, mas um mundo vibrando em outra dimensão próxima da nossa e superior em conhecimento e elevação espiritual. Contato esse que visa a obtenção de algum favor especial, proteção, defesa, sorte, ajuda, etc.
Da mesma forma, acreditando nesses planos superiores, somos levados naturalmente a admitir a existência de planos inferiores, igualmente interessados não em ajudar, mas em retardar também a nossa elevação espiritual aos planos superiores.
Importante deixar bem claro que, em momento algum pretendemos semear dúvidas a respeito da crença na Bíblia e do dogma da fé que é uma das mais poderosas que cerca o Livro Sagrado, pois, em nosso entendimento, é a mesma fé que abre caminho para o sucesso tanto das Simpatias Populares como do contato com os Anjos Mensageiros..
Como interessados no entendimento e no resgate de um conhecimento que nos foi tomado e negado, pretendemos retomar um caminho há muito interrompido, ainda que a custa de tentativas e erros. Queremos, acima de tudo, a verdade que nos foi negada.
Não podemos, no momento em que entramos em um novo milênio e percebemos que uma crise espiritual muito grande, ainda maior que a crise econômica, ameaça a Humanidade, deixar de colocar nosso espírito e nossa inquietação no trabalho de levantar hipóteses e buscar respostas para a compreensão do que nos espera no século XXI.
Respostas que, acreditamos, encontram-se nos planos superiores, onde vibra uma ordem diferente da nossa, mais espiritual e menos apegada à matéria, onde a linguagem dos símbolos, por ser exata e dispensar o conhecimento das mais diversas línguas, é utilizada.
Símbolos que podem ser projetados de mente para mente, sem a necessidade de palavras, numa linguagem universal a todas as raças.
Uma águia voando livre no céu será sempre uma águia livre no céu, ainda que, ao ser descrita, isso tenha as formas mais diferentes nas diversas línguas do mundo.
Assim deve ser nosso contato com esses planos que nos cercam.